sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Sobre minha moral

Tem pessoas que estão preocupadas em construir seu intelecto e especializar-se em uma área. Não rejeito isto. Mas tenho dedicado meu tempo para fortalecer-me descobrindo o que é essencial para mim, para que nada, exatamente nada, corrompa-me a ponto de grandes esforços acabarem em grande erros. A vida é curta, uns dizem que é curta demais para ficar pensando tanto antes de agir. Ora, eu não escolheria pular esta fase nem que amanhã eu não pudesse mais agir, pois este meu ato é valioso para mim.
Eu sei que o que me move é fazer algo pelos outros. O mundo, como é, é-me de grande dor que não conseguiria viver em suas linhas contemporâneas. 
Para exemplificar o quão importante está sendo refletir sobre o certo e o errado para mim, ano passado cheguei a mencionar que gostaria de ser Serial Killer de Seriais Killers. Ou policial para acabar com as pessoas que botam preço em vidas. E não é que o Universo está a favor dos meus aprendizados. Fico muito grata a isso. 

Infelizmente aconteceu algo muito trágico.O tio de um grande amigo meu fora assassinado. Como? Com total covardia que toda violência é. E toda violência carece de inteligência não importa o quão dotada de estratégia e astúcia, a violência em si é burra.
O tio fora esfaqueado, cortado os dedos para pegar aliança, bofeteado a pauladas, ele desmaiou de tanta dor e acordou três horas depois e ligou para o SAMU. Fora enterrado com caixão fechado. Este homem, fotógrafo autodidata de jornais como Folha de São Paulo, um grande leitor, por algumas pedras de droga para os drogados que o matou, deixou este mundo de um jeito que não gostaria de deixar.  E seus parentes, que o amavam, ficaram horrorizados.

Este meu amigo, já de idade, sabia quem havia matado ele. E este meu amigo tinha uma arma. Uma arma com munição velha. Mas este meu amigo é sábio. Este meu amigo é um pai que me ensinou muita civilização. Ele nunca hesitou de falar sobre a vida para mim. Poderia sim ter se vingado. Poderia sim ter acabado com a vida de bandidos inconsequentes. Porém, este meu amigo é sábio. Um exemplo. Ele pode, mesmo com a dor de perder seu tio de maneira tão injusta, pensar. Usar o que aprendeu na vida: princípios.

Ele me disse:
- Dani, por pior que a pessoa seja, ele poderia ter uma mãe que choraria por ele, um filho ou filha órfão. Eu não conseguiria ficar preso na minha consciência. Esta seria a prisão mais dolorosa para mim.

E eu, sabendo que ele estava certo, admirada, mas ainda inquieta pensando na existência de sujeitos tão maldosos, disse:

- Mas e a vida bondosa que eles podem tirar da mesma maneira que fizeram com seu tio. Poderá ter mais vítimas e eles também terão pais e filhos órfãos. Eu mataria. (Disse com convicção e um sentimento leve de heroísmo misturado com revolta).

- Dani! Mas nós não estamos aqui para isso! Você não está aqui para tirar a vida de ninguém! 

E por um tempo fiquei indignada. Imaginando como seria o mundo sem pessoas más. Hoje, eu cresci. Hoje eu busquei ler mais. Busquei exemplos dignos a mim. Pois eu sou digna a eles.

"A pior das instituições gregárias se intitula exército. Eu o odeio. Se um homem puder sentir 
qualquer prazer em desfilar aos sons de música, eu desprezo este homem... Não merece um cérebro 
humano, já que a medula espinhal o satisfaz. Deveríamos fazer desaparecer o mais depressa 
possível este câncer da civilização. Detesto com todas as forças o heroísmo obrigatório, a violência 
gratuita e o nacionalismo débil. A guerra é a coisa mais desprezível que existe. Preferiria deixar-me 
assassinar a participar desta ignomínia."

Este trecho lembrou-me deste ocorrido. É do livro "Como Eu Vejo o Mundo - Albert Einstein".

Hoje não quero ser policial. Não quero prender nem matar vidas. Quero ajudar ao desenvolvimento do intelecto do qual estou tendo total oportunidade de desenvolver agora. E o desenvolvimento intelectual é antes de mais nada um desenvolvimento nosso, como seres humanos, como seres civilizados. Que eu seja uma vítima, mas não participarei desta ignomínia. Eu leio, eu aprendo.